A comunicação e os relacionamentos
Responda a si mesmo se você já passou por alguma dessas situações: Você já fez curso de datilografia? Trocou agulha de vitrola? Conheceu o toca-fitas? Usou uma ficha telefônica? Sabe o que é um mimeógrafo?
Evoluímos e estamos em constante evolução. O tamanho do seu aparelho de TV já não é mais o mesmo. Hoje, mais de mil músicas cabem no seu ipod. E já não é mais necessário andar com ficha telefônica no bolso. A tecnologia certamente diminuiu a distância entre os continentes. Temos acesso a muita informação diariamente.
Estamos em constante aprendizado. Aprender e evoluir são condições sine qua non para nossa adaptação e sobrevivência no mundo de hoje. O futurologista Alvin Tofler disse sabiamente: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever. Mas aquele que não consegue aprender, desaprender e aprender novamente.”
Infelizmente, muita gente tem confundido informação com comunicação ou acha que estes conceitos significam a mesma coisa. Mas, informar não é o mesmo que comunicar. Há muito mais por trás disto. INFORMAÇÃO só se torna COMUNICAÇÃO quando agregada ao RELACIONAMENTO. Vou explicar:
Imagine um par de luvas. Você pode usá-lo, colocá-lo na gaveta ou doá-lo se não lhe servir mais. Assim é com a informação: você usa, guarda ou descarta se esta já não lhe é mais útil. Já as mãos são o que dão vida às luvas, dão o movimento. Da mesma forma, a comunicação agregada ao relacionamento dá vida às informações (luvas). Estas só têm significados reais se forem acompanhadas de pessoas, emoções e sentimentos.
Assim, evoluímos nos meios, na velocidade e no conteúdo. Multiplicamos nossas conexões. Porém, há um paradoxo: nunca vivemos tão distantes das pessoas que estão mais próximas de nós.
A jornalista brasileira Leila Ferreira conta em seu livro “A arte de ser leve” a seguinte história que também ilustra muito bem o que anda acontecendo com relações por aí. Em uma época de Natal, Leila estava em Nova Iorque assistindo a um concerto em um auditório onde cabiam aproximadamente 2.800 pessoas quando percebeu, durante o intervalo da orquestra, que pelo menos um terço das pessoas presentes (o auditório estava lotado) passou os quinze minutos que se poderia conversar com seus parceiros, teclando em seus celulares. Ela conta:
“Fiquei tão impressionada que, em vez de sair para tomar café, preferi observar. Algumas pessoas que estavam juntas teclavam ao mesmo tempo, ignorando-se mutuamente. Mas o que mais me desconcertou foi ver os casos em que, de duas pessoas, apenas uma mandava mensagens, enquanto a outra, sem ter o que fazer, olhava para os tetos e para os lados com aquela cara de paisagem. Afinal, que sentido faz ir a um concerto com alguém e, durante os quinze minutos que se pode falar, preferir (ostensivamente) conversar com alguém que está ausente? Conviver hoje, passa pelo reaprendizado da mais básica das lições: o outro existe e vale, no mínimo, tanto quanto nós.” (LEILA FERREIRA em A ARTE DE SER LEVE.)
Albert Einstein, conhecido como um dos homens mais inteligentes do século XX disse: “A bomba atômica não é a pior de todas as bombas. A maior delas ainda está por vir e será acionada pela desintegração das relações humanas que irá ocorrer no futuro.”
Agora pare por alguns minutos: Você é capaz de citar uma situação que exemplifique esta previsão de Einstein? Pare para pensar nas situações que você conhece ou até mesmo já passou que ilustrem esta célebre frase. Não deve ser difícil, certo? Pois então, temos a informação na velocidade da luz mas, a nossa comunicação ainda está na Idade da Pedra. Precisamos reaprender o verdadeiro sentido da comunicação.
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